No palco as coisas que se mostram são simuladas; na vida, provavelmente, as coisas que surgem são reais e nem sempre foram bem ensaiadas.
(Goffman, 1993, p. 9)[1]
(Goffman, 1993, p. 9)[1]
[1] Goffman, Erving. (1993) «A apresentação do Eu na vida de todos os dias», Lisboa, Relógio d’Água Editores.
Naquela noite mergulhou na própria sombra. Vagueou na pele de uma ‘terceira pessoa’ e questionou cada gesto, cada palavra, cada expressão.
Era tudo tão vazio.
*
A evidência de que o papel social do indivíduo não se impõe do “exterior”, mas resulta de uma progressiva adaptação, no decurso da qual ele participa de uma forma activa, confirma o fenómeno proposto por Erving Goffman, ao longo da Obra «A apresentação do Eu na vida de todos os dias». O maior interesse da analogia estabelecida pelo autor, relativamente à análise dramatúrgica da vida social, reside na forma como dois indivíduos, em situações concretas, ajustam os seus comportamentos, em função das suas expectativas recíprocas.
Neste sentido, a grande questão que se impõe ao longo da Apresentação do Eu na vida de todos os dias, prende-se com a necessidade de tentar perceber de que forma é que os indivíduos desempenham e redefinem constantemente, um determinado papel social, em cada contexto de interacção, ao invés de se limitarem a uma representação meramente mecânica. Ainda que, em determinadas situações, os indivíduos possam assumir um certo distanciamento relativamente a um qualquer papel social, na realidade, o seu desempenho nunca é completamente ‘inocente’.
Sem comentários:
Enviar um comentário