Mil e um movimentos, mil e um comportamentos discordantes, mil e uma simulações despersonalizadas.
No ecrã são projectadas as imagens dos seus três heterónimos.
«Não quero que os heterónimos venham porque vou pensar neles. Quero ir buscá-los Lá. Quero a verdade deles».
Num movimento incisivo, apaga cada vela delicadamente acesa, para depois derramar a cera pelo corpo frio e deixar que se entranhe na pele.
Desprovido dos emblemáticos preceitos de uma sociedade tradicional, Bruno Rodrigues dá corpo a três heterónimos, que espelham a versatilidade de uma personalidade que nunca muda, «às vezes é obscura».
«Gosto de ser eu próprio com todas estas facetas (…) Não ter heterónimos durante vinte e quatro horas deve ser uma tristeza. Vinte e quatro horas é muito tempo»
À margem da autocontemplação, Bruno deixa de lado o espelho, enquanto acessório meramente ilustrativo, e procura o rumo do seu "eu", em efémeros momentos de reflexão.
Anos e anos do que não foi eu | Vivi recluso no ser que era o meu. | Anos e anos de quem nunca fui | Vivi submisso do meu ser que flui. FP
Conhecer o universo de comportamentos, que fervilham no interior de um ser sem destino, é um dos propósitos dos homens estranhos que estão agora em pleno palco, no Teatro do Bairro, a apagar velas transitoriamente acesas.
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