Nasci estrangeiro neste mundo.
Não compreendo as vozes, os olhares, os gestos. O porquê de os comportamentos padronizados serem bem aceites, e tudo aquilo que destoa ser declinado.
«É um problema de compreensão», dizes tu. Hannah Arendt afirmou o mesmo: «Compreender engendra profundidade, não engendra sentido».
Talvez seja por isso que não encontro, neste mundo, a minha pátria. A minha casa. O meu lugar.
Vivo na superfície. Incapaz de admitir a possibilidade de uma qualquer reconciliação. Sem vontade de reconhecer a realidade premente que me assola todos os dias.
Uma realidade que às vezes não sei sequer se vale a pena tentar compreender, mas que procuro pensar a sós, como se quisesse entender a minha própria solidão.
Falam-me em singularidade. Chamo-lhe fragilidade.
Miguel
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