A
existência intemporal de diferentes significados, que surgem em contextos
distintos, é um dos atributos que poderá ser conferido ao som, quando cruzado
com a linguagem, num contexto radiofónico.
A Etnometodologia e, mais precisamente, uma das suas preocupações – a Indicialidade – mostra a forma como os agentes sociais utilizam a linguagem, como uma espécie de mecanismo flexível e facilmente adaptável, que permite uma interacção complexa a cada palavra proferida, sem deixar de sublinhar os diferentes sinais, que podem ser expressos através de determinadas componentes semânticas.
A Etnometodologia e, mais precisamente, uma das suas preocupações – a Indicialidade – mostra a forma como os agentes sociais utilizam a linguagem, como uma espécie de mecanismo flexível e facilmente adaptável, que permite uma interacção complexa a cada palavra proferida, sem deixar de sublinhar os diferentes sinais, que podem ser expressos através de determinadas componentes semânticas.
De acordo com
Bar-Hillel, por exemplo, mais de 90% dos sinais-proposição declarativos, produzidos por uma pessoa, são o resultado das tais “expressões indiciais”:
«É
claro que muitas frases com verbos no passado são indiciais, para já não
mencionar que contêm termos como eu, tu, aqui, aí, agora, ontem e isto»[1].
(Bar-Hillel,
1970, p.76)
Ter
em consideração as redes de significação que são estabelecidas por intermédio
dos signos linguísticos, é um dos aspectos contemplados na desconstrução das
“expressões indiciais”, e pode estar na génese da análise das especificidades
do som, ou até do processo de configuração da dicção colocada pelos locutores
de rádio.
Neste contexto, a Etnometodologia funciona como uma corrente fundamental, quando associada à significância da discursividade sonora, até porque, da mesma forma que os jornalistas de rádio utilizam a linguagem comum para comunicar com os ouvintes, também os etnometodólogos descrevem e interpretam a realidade social, a partir dos recursos linguísticos mais simples que o homem “de todos os dias” utiliza nas narrativas quotidianas.
Esta analogia parece fazer sentido, principalmente quando se parte do pressuposto que a escolha dos etnometodólogos, por uma análise da linguagem comum, reflecte não só a espontaneidade das relações sociais, mas também o seu sentido “efectivo”, ou seja, desprovido de “comportamentos postiços” que possam indiciar falsas interpretações.
Neste contexto, a Etnometodologia funciona como uma corrente fundamental, quando associada à significância da discursividade sonora, até porque, da mesma forma que os jornalistas de rádio utilizam a linguagem comum para comunicar com os ouvintes, também os etnometodólogos descrevem e interpretam a realidade social, a partir dos recursos linguísticos mais simples que o homem “de todos os dias” utiliza nas narrativas quotidianas.
Esta analogia parece fazer sentido, principalmente quando se parte do pressuposto que a escolha dos etnometodólogos, por uma análise da linguagem comum, reflecte não só a espontaneidade das relações sociais, mas também o seu sentido “efectivo”, ou seja, desprovido de “comportamentos postiços” que possam indiciar falsas interpretações.
[1] Bar-Hillel,Yehoshva. (1970) «Indexical Expressions», in
Aspects of Language, Jerusalém, p.76 – Citado por: Giddens, Anthony. (1996) «Novas Regras do Método
Sociológico», Lisboa, Gradiva.
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