«Yes I confess». A voz grave é assertiva e cruza gritos de sofrimento evidentes, com o choro de uma criança estranhamente dominada por heterónimos que precisa de usar. São seguramente, a sua ferramenta de sobrevivência.
Na tenacidade de um movimento intencional, faz uma vénia solene aos livros arrojados no chão escuro e empoeirado.
Bruno está deitado num chão que não dá espaço à incerteza dos traços. Os traços de uma personalidade multifacetada.
Naquele palco não são necessários mais adereços. Chegam os livros dispostos no chão e as velas acesas, no lado oposto da sabedoria oculta.
Com a ajuda dos braços recua dois passos, sempre sentado. O mundo desabou na história dos livros, nos quais sempre acreditou.
O olhar mostra desespero. Ao longe soam conversas segredadas. Murmúrios desconfortáveis.
Salta de livro em livro e pisa a sabedoria sem arrependimento, como se fizesse parte do seu caminho.
Já descalço, caminha em direcção às páginas do tempo.
Sorri para quem o vê. A luz ainda existe.
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